Como montar um bom Planejamento Financeiro?

Primeiramente, é fundamental falarmos sobre o controle das Receitas e Despesas. Não há como falar em investimentos ou outros planos sem antes organizar o quanto se ganha com o quanto se gasta. Isso pode ser feito no caderno, na planilha de Excel ou em aplicativos, mas é importante que seja feito. 

Qual é a renda líquida que entra todos os meses?

Quanto são as despesas fixas, aquelas que faça chuva ou faça sol estarão ali todos os meses? E as despesas variáveis? 

Ter esse controle básico inicial é o primeiro passo. Ter a consciência de que precisa gastar menos do que ganha (o “óbvio” precisa ser dito). Se essa conta não fechar, será necessário algum ajuste, seja no campo das receitas (entradas) ou despesas (saídas). Será primordial buscar novas fontes de renda (receitas) ou reduzir custos (despesas) para equilibrar o orçamento. É importante salientar que o cartão de crédito pode até ser um aliado no controle das despesas do ponto de vista de unificação em um só lugar e possíveis benefícios financeiros com pontuações, MAS DESDE QUE A PESSOA SEJA ORGANIZADA e SEMPRE PAGUE O TOTAL DA FATURA e EM DIA! Do contrário, o cartão de crédito pode ser um dos maiores inimigos das pessoas, com taxas de juros absurdamente altas no caso de atraso ou não pagamento da fatura em dia. Se a pessoa não possui esse controle e organização, é preferível pagar à vista suas compras (tendo somente cartão de DÉBITO, por exemplo).  

Após esse primeiro passo, após essa organização do orçamento pessoal (familiar), podemos falar em investir o que sobra. E quanto sobra? Quanto guardar? Que valor investir?

Essas questões são relativas, dependem da situação financeira de cada um, do momento de vida e objetivos. Se puder poupar 10%, 20% ou 50% dos rendimentos todos os meses, ótimo, mas se só puder guardar 5% ou 3%, também será importante. 

Tendo o orçamento equilibrado, com receitas e despesas organizadas e sobrando recurso para investir, podemos considerar formar a chamada “reserva de emergência”. Como o nome já diz, é aquele recurso que ficará guardado para uma eventual emergência, um imprevisto. Alguns preferem acumular uma reserva de emergência de 6 meses as suas despesas essenciais, outros de 12 meses. Aqui, novamente, cada caso é um caso e não existe uma regra perfeita. Como sugestão, acredito que uma boa reserva de emergência deve cobrir no mínimo 6 meses das despesas essenciais da pessoa ou família. 

Por exemplo:

Digamos que uma família possua despesas essenciais mensais de R$ 5 mil. O que são essas despesas essenciais?

São as despesas fundamentais para a manutenção do dia a dia dessa família, aquelas que não podem ser retiradas do orçamento, por exemplo: despesas fundamentais com a moradia (seja a parcela do aluguel mensal, a parcela do financiamento imobiliário ou mesmo a manutenção da casa que é própria); despesas com a alimentação; com a higiene e saúde, etc. Nesse caso, onde as despesas essenciais são de R$ 5 mil mensais, seria recomendado acumular uma “reserva de emergência” de pelo menos R$ 30 mil (6 meses x R$ 5 mil mensais). Se tiver condições e preferir deixar uma reserva de emergência que cubra 12 meses das despesas essenciais, melhor (nesse caso, R$ 60 mil). 

E onde investir o recurso que fica para a “reserva de emergência”? 

Esse recurso precisa ficar investido em aplicações conservadoras (baixíssimo risco) e com liquidez imediata, ou seja, que você possa resgatar imediatamente, sem esperar nenhum tipo de prazo (carência). Algumas das aplicações que podem servir nesse caso são os CDBs (Certificado de Depósito Bancário), desde que sem carência para resgate, e o Tesouro Selic (título público pós-fixado com rendimento atrelado à taxa Selic), também conhecido como Tesouro LFT. 

E após ter acumulado o recurso para a reserva de emergência, o que fazer?

Após a acumulação para reserva de emergência, o perfil de risco, horizonte de tempo e objetivos pessoais é que vão determinar qual o melhor caminho a seguir do ponto de vista dos investimentos. Se o investidor é jovem e está iniciando a carreira, seria fundamental que separasse uma parte do recurso para objetivos específicos (ex. uma viagem, faculdade, um curso, compra da casa própria) e outra parte do recurso para longo prazo, pensando no complemento de renda para a aposentadoria. Sabemos que o INSS é deficitário e insuficiente e, portanto, é fundamental pensar em um complemento de renda futuro. Como os juros compostos são fundamentais nesse processo, quanto antes a pessoa começar a poupar para seu complemento de renda na aposentadoria mais acumulará e mais fácil será o processo (devido aos juros compostos no tempo). Caso se trate de um investidor idoso e que já esteja recebendo recursos de sua previdência, talvez faça mais sentido aumentar os recursos de reserva de emergência (devido aos maiores gastos com saúde) e formar alguma reserva para alguns objetivos específicos (ex. viagens).

Há pessoas que estabelecem esse recurso de longo prazo com previdência privada, outros com tesouro IPCA+ ou tesouro Renda+, outros com fundos imobiliários e ações, entre outras alternativas possíveis. O importante é que o perfil de investimentos, risco e objetivos do investidor estejam alinhados com as aplicações. O ato de contratar uma previdência privada, como exemplo, não é tão simples quanto parece e precisa ser analisado no detalhe, pois há várias questões fundamentais que precisam ser consideradas para evitar problemas futuros. 

Como resumo, portanto, destacamos as seguintes questões para a montagem de um bom planejamento financeiro, nessa ordem:

  1. Organização do orçamento (detalhar tudo que entra e tudo que sai; cortar gastos desnecessários; dentro do possível, aumentar as receitas; só utilizar cartão de crédito se for organizado, pagando sempre em dia e sempre o total da fatura; caso contrário, utilizar somente cartão de débito);
  1. Acumulação da Reserva de Emergência (guardar recursos que sobram mensalmente até acumular pelo menos 6 meses das despesas essenciais que possui; alguns dos investimentos para essa fase podem ser o CDB – desde que de instituição sólida e sem carência para resgate – ou o Tesouro Selic LFT);
  1. Acumulação de recursos para objetivos específicos e complemento de renda na aposentadoria (talvez dividir essa fase da acumulação em “2 potes”, ou seja, uma parte destinada para aquele objetivo específico – aquisição da casa própria, curso, viagem – e a outra para o complemento de renda para a aposentadoria. Sobre quais investimentos nessa fase, se faz necessária uma avaliação detalhada para entendimento do perfil de investimentos, perfil de riscos, momento de vida, horizonte de tempo e objetivos específicos, para daí então falarmos sobre qual a composição de ativos que melhor se encaixa no seu caso). 

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04 de setembro de 2023.

*Esse artigo é apenas informativo e não se trata de recomendação de investimentos.