Muito se fala sobre a importância de se ter ações pensando no longo prazo (logicamente, respeitando o perfil de investidor de cada um). Outra coisa que escutamos frequentemente é que, “no longo prazo, ações são imbatíveis”.
Antes de qualquer análise, o que você considera como longo prazo? Para alguns, longo prazo pode ser um período de 30 anos ou mais, mas, para outros, talvez 5 anos já seja considerado como “longo prazo”. Certamente, há o entendimento de que “curto prazo” é chamado o período de análise inferior a 1 ano. Após isso, viria o “médio prazo” e só então o “longo prazo”. Penso que, para ser considerado “longo prazo”, precisa-se levar em consideração um período de, no mínimo, 5 anos. Contudo, 10 anos, 20 anos ou 30 anos parecem prazos mais adequados para serem mencionados como “longo prazo”.
Vejamos alguns gráficos que analisam o cenário brasileiro de ações, sem considerar investimentos internacionais. A análise abaixo considera o CDI como o indicador base para investimentos de renda fixa no Brasil, o Ibovespa (principal índice acionário brasileiro) como referência para ações e o IPCA (índice oficial de inflação no Brasil) como retrato da inflação no período:
Fonte: Mais retorno
Período de análise: 04/07/1994 a 18/03/2024 (29 anos e 8 meses)
Rentabilidade bruta acumulada:
- CDI (verde): 7.837,06%
- Ibovespa (vermelho): 3.467,88%
- IPCA (azul): 696,08%
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Fonte: mais retorno
Período de análise: 01/03/2004 a 18/03/2024 (20 anos)
Rentabilidade bruta acumulada:
- CDI (verde): 660,81%
- Ibovespa (vermelho): 465,57%
- IPCA (azul): 203,76%
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Fonte: Mais retorno
Período de análise: 01/03/2014 a 18/03/2024 (10 anos)
Rentabilidade bruta acumulada:
- Ibovespa (vermelho): 173,11%
- CDI (verde): 143,25%
- IPCA (azul): 77,68%
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Fonte: Mais retorno
Período de análise: 01/03/2019 a 18/03/2024 (5 anos)
Rentabilidade bruta acumulada:
- CDI (verde): 46,17%
- Ibovespa (vermelho): 34,20%
- IPCA (azul): 33,56%
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Alguém poderia dizer: “veja bem, o meu portfólio de ações teve uma rentabilidade muito maior do que o Ibovespa em determinado período”. Isso pode ser realmente verdade, mas a análise deste artigo parte do princípio de que o investidor médio, com consistência, não superará o Ibovespa.
Outra pessoa poderia, corretamente, lembrar: “mas e o risco? Qual foi o grau de risco incorrido para atingir tais rentabilidades?” Essa é uma consideração primordial. Se pensarmos em termos de volatilidade – medida associada ao risco -, obviamente, o Ibovespa leva grande desvantagem em relação ao CDI, ou seja, precisaria compensar do ponto de vista de retorno (o que não aconteceu em três dos quatro gráficos mostrados anteriormente).
Dito isso, sempre que se recebe uma oferta de investimentos de alguém ou alguma instituição dizendo que você “deve” investir em determinada classe de ativo, é fundamental parar e se perguntar: “essa pessoa/instituição que está indicando investir em determinado produto (seja ligado ao CDI, ações ou qualquer outro ativo) está ganhando algo com essa indicação? Qual o real interesse por trás dessa oferta? Está levando em consideração apenas os meus objetivos?”
Mas, afinal: ações para o longo prazo? Do ponto de vista de rentabilidade, depende do que consideramos como longo prazo. Em 5 anos, o Ibovespa não superou o CDI em termos de rentabilidade; em 10 anos, superou; em 20 e 30 anos, não. Sendo assim, é essencial pensarmos em um portfólio diversificado, que contenha mais do que apenas uma classe de ativo, que seja mantido com disciplina e com pontuais rebalanceamentos anuais. Isso possibilitará ao investidor permear esse “longo prazo” com um portfólio mais resiliente.
Por Maurício Cardoso, CFP®
*Não há qualquer tipo de recomendação de investimentos nesse artigo.
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Florianópolis, 26 de março de 2024.