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Previdência privada como instrumento sucessório?

Planos de Previdência privada (PGBL e VGBL), em geral, não sofrem a incidência do ITCMD (imposto de transmissão causa mortis e doação) e, dessa forma, não entram no inventário. Ou seja, o recurso acumulado pode ser direcionado diretamente aos beneficiários indicados no plano. Sendo assim, podem sim ser considerados como um instrumento de planejamento sucessório. Contudo, a análise precisa ser mais ampla e detalhada pois há outras questões importantes envolvidas.

Seguro de vida como instrumento sucessório?

Em alguns casos, seguros de vida podem servir como instrumentos de planejamento sucessório pois eles não entram em inventário. O custo com um inventário no Brasil gira, em média, ao redor de 15% do valor do patrimônio a ser inventariado. Dessa forma, uma apólice de seguro de vida pode, dentre outras coisas, auxiliar no pagamento das despesas com o inventário.

Doação em vida. Quais os custos?

O imposto incidente sobre a doação em vida é o ITCMD, que é um imposto estadual. Logo, cada estado brasileiro possui sua legislação e alíquotas para a doação de bens em vida. Como regra geral, as alíquotas vão de 2% a 8%. A doação em vida pode servir para:

  • direcionar bens em vida;
  • evitar brigas familiares futuras;
  • evitar pagar mais impostos em uma possível majoração das alíquotas do ITCMD.

Vale a pena? É preciso analisar caso a caso detalhadamente.

Qual o portfólio de investimentos ótimo?

Não existe. Existe o portfólio ótimo para o seu caso, seu momento de vida, seus objetivos, sua estrutura familiar, seu horizonte de tempo para os investimentos e seu perfil enquanto investidor(a).

Mas, para Brasil, não há como ficar de fora de boa parte em CDI (renda fixa pós-fixada) e se aproveitar dos juros (SELIC) estruturalmente e historicamente altos. No mais, torna-se vital uma análise personalizada para a montagem de uma estratégia que agregue outras classes de ativos.

Imóveis físicos ou Fundos Imobiliários?

Na minha opinião, não há certo ou errado aqui. Cada caso é um caso. É preciso levar em consideração questões culturais e desejos próprios e não apenas uma análise numérica. Imóveis parecem mais resilientes em tempos extremos, porém possuem baixa liquidez (dificuldade em vender no tempo desejado). Fundos imobiliários parecem mais voláteis (a variação da cota é mais nítida – basta olhar no app no celular), mas são mais líquidos e proporcionam dividendos mensais maiores (%) e mais ágeis do que o aluguel.

Vale a pena dolarizar parte da carteira?

Dado que boa parte do que consumimos sofre a interferência do dólar (exemplo: insumos dos alimentos; combustíveis; entretenimento), penso ser importante ter uma parte do patrimônio em dólar. Isso pode ser feito através da moeda em si, via fundos de investimentos ou mesmo investindo no exterior por meio de alguma corretora. O dólar ainda é a moeda referência mundial e, em boa parte das vezes, pode servir como hedge (proteção) contra movimentos negativos de alguns ativos de renda variável (ex. ações Brasil).

Vale a pena investir via ETFs?

ETFs são uma espécie de fundo de investimentos. Porém, ao invés de ter uma gestão ativa, possuem gestão passiva, ou seja, buscam apenas seguir algum índice de referência (benchmark). O ponto é que, ao possuírem uma gestão passiva, possuem taxas de administração (custo) consideravelmente inferiores aos fundos tradicionais. Se pensarmos que boa parte dos fundos tradicionais não conseguem superar seus índices de referência no longo prazo, o investimento via ETFs pode ser uma boa alternativa. Contudo, faz-se necessária análise personalizada.

Como (re)balancear a carteira ao longo do tempo?

Há um estudo da Vanguard (uma das maiores gestoras do mundo)que diz que o ideal seria rebalancear a carteira apenas 1 ou 2 vezes por ano, em alguns casos, 3. Rebalancear significa “reajustar” a carteira para os percentuais predeterminados (ex.: % renda fixa pós; % IPCA+; % ações Brasil; % ações exterior; etc…). Em resumo, mexer nas “estruturas” do portfólio com muita frequência (ex.: mensalmente) só vai trazer mais custos com impostos, operacionalização e sensação de que a estratégia poderia ter funcionado melhor.

*Esse post é educativo e informativo e, portanto, não possui qualquer tipo recomendação de investimentos. Para uma análise personalizada, entre em contato: [email protected] ou (48) 99203-4619.

Florianópolis, 09 de junho de 2025.

Por Maurício Cardoso, CFP®